A presidente do Ibama, Marilene Ramos, afirmou nesta quinta-feira (7) que a lama dos rejeitos de minérios que vazou das barragem da Samarco, em Mariana (MG), pode ter chegado ao Parque Nacional de Abrolhos, no sul da Bahia.
O incidente, ocorrido em novembro de 2015, liberou grande quantidade de rejeitos minerais na bacia do rio Doce, que percorreram o rio e foram lançados no mar, no Espirito Santo. Segundo ela, com o vento a mancha chegou ao Arquipélago de Abrolhos, a 250 km da foz do rio Doce, o que teria sido verificado visualmente por técnicos do Ibama durante sobrevoo feito hoje na região.
“Nessa área foi constatada a presença de lama. A observação em campo dá indícios de que muito provavelmente (a mancha) está ligada à lama que saiu do rio Doce”, disse o presidente do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), Cláudio Maretti. O órgão é responsável pelo Parque Nacional Marítimo de Abrolhos.
Segundo ele, foram coletadas amostras para verificar se a lama é realmente resultante da barragem de rejeitos de minério.
O Arquipélado de Abrolhos é a área de maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul. A região reúne recifes de corais, algas, tartarugas e baleias jubarte.
Análise de água sai em 10 dias
O Ibama aguarda a análise da água coletada no local para ter certeza de que a mancha, já bastante diluída, é proveniente da lama da barragem da Samarco, que pertence a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton. Isso porque, a 60 km do arquipélago há a foz do rio Caravelas, que eventualmente lança no mar sedimentos resultantes de erosões.
A Samarco já foi notificada do fato e enviou técnicos ao local. A empresa deverá colher amostras a cada 10 km de distância da foz do rio Doce até o Parque de Abrolhos. Em três pontos (o mais próximo da costa, no meio da mancha e em mar “limpo”), a coleta deve ser feita em três níveis de profundidade. O resultado das análises sairá em até 10 dias.
O Ministério do Meio Ambiente informou que criou um grupo de trabalho para avaliar os danos ambientais e acompanhar as ações de recuperação e revitalização dos rios Gualaxo do Norte, Carmo e Doce, afetados pelo desastre.
Por | Portal UOL