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Aluna diz ter sido obrigada a lamber testículos de boi durante trote na BA

Uma estudante de 20 anos do curso de Agronomia, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), afirma ter sido obrigada a lamber pênis e testículos de bois durante um trote. Ela entrou com ação no Ministério Público e prestou queixa na Polícia Civil de Vitória da Conquista, distante 517 km de Salvador.

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Segundo Michele Leão, advogada da estudante, o fato ocorreu no dia 26 de abril, mas a denúncia só foi feita na sexta-feira (3). A estudante, que prefere não se identificar, disse, em depoimento à polícia, que ela e outros calouros do curso foram forçados a andar no campus da universidade de “elefantinho”, “brincadeira” clássica nos trotes, em que jovens andam de mãos entrelaçadas, agachados, imitando rabo e tromba dos animais. Antes disso, eles ainda foram obrigados a ir ao banheiro vestir calcinha e sutiã por cima da roupa.

A estudante afirma que os veteranos, do 3º e 4º semestres, pegaram duas bolas gelatinosas, afirmando que eram testículos de boi, e colocaram na boca dos calouros, que foram obrigados a chupá-las, informa. Depois, segundo o relato, eles levaram os calouros para uma espécie de curral e também os obrigaram a lamber um objeto que simulava pênis de boi ereto conservado com formol, segundo relatou a advogada da estudante ao G1.

A polícia confirmou que houve registro da queixa da estudante na unidade. Em relação ao Ministério Público da Bahia, uma servidora informou que a denúncia chegou ao conhecimento da promotoria. A promotora responsável pelo caso não foi localizada para falar sobre o assunto.

De acordo com a advogada Michele Leão, a jovem desmaiou após bochechar uma substância de cor roxa. Ela não sabe dizer se era violeta ou um tipo de mistura chamada de “mata bicheira”, produto usado em bovinos e urina de animal.

Em seguida, a estudante foi levada para a enfermaria da universidade, “onde a jogaram embaixo do chuveiro e a deram gases para limpar a boca, porque estava muito ferida e a língua começou a sangrar”, relatou a advogada.

Depois do ocorrido, a estudante pegou um ônibus para a cidade de Brumado, também na região sudoeste, onde mora a mãe dela. No dia seguinte, ela foi a uma clínica, pois estava com vários hematomas de alergia no corpo, segundo Michele Leão.

Ainda de acordo com a advogada, a jovem, que não sabia do que se tratava o trote, pediu aos veteranos para não participar da ação, pois ela era muito alérgica a “produtos fortes”. Mas os alunos disseram que “se ela fugisse ia ser pior”, contou. Eles ainda afirmaram que “o trote ia ser leve”, segundo Leão.

A advogada da estudante disse que entrou com um pedido de medida protetiva na polícia, pois a aluna está se sentindo coagida e com medo dos colegas. Ela continua frequentando as aulas. Segundo Michele Leão, o objetivo da denúncia é que a Uesb abra um processo administrativo para apurar o que ocorreu e punir quem fez isso.

Trote proibido Em nota oficial, a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia informou que o trote é proibido em todos os campi da instituição. Segundo a unidade, aos estudantes que desobedecerem a determinação serão aplicadas sanções disciplinares, desde a suspensão por 100 dias letivos ao desligamento dos quadros, “caso haja violência ou utilização de qualquer meio ou produto que cause ou possa causar danos pessoais, psicológicos, lesões corporais, entre outros”.

Leia na íntegra a posição da Uesb:

“A Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) informa que, segundo a Resolução 07/2008 do Conselho Universitário (Consu), o trote é expressamente proibido em todos os campi da Instituição. Entende-se como trote, de acordo com a Resolução, toda e qualquer manifestação estudantil que configure agressão física, psicológica, moral ou outra forma de constrangimento ou coação do aluno ingressante.

Ao infrator desta Resolução, serão aplicadas sanções disciplinares. As medidas administrativas vão desde a suspensão por 100 dias letivos ao desligamento dos quadros da Universidade, caso haja violência ou utilização de qualquer meio ou produto que cause ou possa causar danos pessoais, psicológicos, lesões corporais, entre outros. Além das penalidades previstas pela Resolução, o infrator será denunciado ao Ministério Público para responder criminalmente pelos atos cometidos.

Pensando nisso, a Universidade incentiva formas alternativas ao trote desenvolvendo ações como a Semana da Integração Estudantil, que oferece aos alunos recém-chegados atividades como oficinas, cursos e rodas de conversa. Este ano, juntamente com o Diretório Central dos Estudantes (DCE), a Uesb realiza também a campanha #TroteDoBem, para incentivar os alunos da casa a promoverem momentos de integração sadia e divulgá-los nas redes sociais oficiais da Instituição.”

Por Alanna Sampaio, G1 BA

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