O São Paulo conquistou o título da Copa Sul-Americana, na noite de quarta (12), com uma vitória de 2 a 0 sobre o Tigre, da Argentina, construída no primeiro tempo. O time adversário teve uma briga com seguranças do São Paulo durante o intervalo. E não voltou mais pro campo.
A alegria foi de todos os tricolores. Mas nenhum viveu tão intensamente essa conquista como Lucas.
“A sensação é maravilhosa. Não tem como descrever”, disse Lucas.
Este foi o primeiro título de Lucas como jogador profissional do São Paulo. E veio justamente na última partida dele pelo clube. O menino do Morumbi cresceu, se emancipou e vai para o futebol francês. A decisão contra o Tigre também serviu para o atacante se despedir de casa. Ao todo, 67 mil pessoas e um agradecimento.
Não era mesmo pra ser a noite de Willian José, nem de Jadson. A noite era de Lucas, autor do primeiro gol. A festa era para Lucas. Pouco depois, passe dele para o belo gol de Osvaldo: 2 a 0.
O placar e a boa atuação do São Paulo foram demais para os argentinos. Cotovelada. E o rosto ensanguentado de Lucas.
No intervalo, a caminho do vestiário, Lucas foi mostrar para o lateral Orban o resultado da agressão. Confusão. Os times foram para o vestiário. Logo em seguida, mais gritaria.
A Polícia Militar entrou no vestiário argentino, onde seguranças do São Paulo e jogadores do Tigre brigavam.
“Uma briga generalizada, jogando madeira, um no outro. Saindo realmente no soco. A Polícia Militar interveio, entrou no meio, separou os dois lados, jogamos o time do Tigre para dentro do vestiário e afastamos os seguranças do São Paulo”, afirmou Luiz Gonzaga, major da Polícia Militar.
No Morumbi, 50 metros separam o vestiário do São Paulo do vestiário do time visitante. Neste caminho, jogadores argentinos e seguranças são paulinos se encontraram.
“Os seguranças do São Paulo estavam perfilados exatamente para evitar que houvesse invasão dentro do vestiário do São Paulo. A confusão começa no corredor e a orientação, o treinamento dos seguranças do São Paulo de contenção, é levar os atletas do Tigre de volta. Fazer com que eles voltem para o vestiário deles. Então eles vão caminhando para que os atletas do Tigre estejam onde eles deveriam estar, porque o lugar deles, naquele momento da partida, é dentro do vestiário. Por isso que quando a polícia chega, a confusão já está instalada mais próxima do vestiário do Tigre do que do São Paulo”, afirmou José Francisco Mansur, assessor da presidência do São Paulo.
Renato Guerra, diretor do Tigre, afirmou que os seguranças do São Paulo agrediram os jogadores argentinos e apontaram uma arma contra o goleiro Albil.
“Eu não sei de onde eles estão tirando essa informação, estão valorizando com certeza essa informação. Mas não existia arma de fogo nenhum”, afirmou o major da Polícia Militar.
Depois de uma reunião no vestiário, o Tigre decidiu que a equipe não voltaria para o jogo. Deixou o local com marcas de sangue na parede, madeiras quebradas e foi para uma delegacia. Jogadores prestaram depoimento sobre a briga, que será investigada.
Nesta quinta, o clube colocou na internet fotos dos ferimentos dos jogadores. O São Paulo também registrou imagens dos seguranças machucados.
Na quarta, ainda sem entender o que acontecia, o torcedor esperava por mais jogo, quando, 51 minutos depois do fim do primeiro tempo, sem o Tigre em campo, o árbitro Enrique Osses terminou a partida.
Começou a festa tricolor. Abraços, alegria, celebração. Na hora de receber a taça, Rogério Ceni mostrou mais uma vez porque é considerado um dos maiores ídolos da história do São Paulo. Entregou a faixa de capitão pra Lucas e deixou o garoto de 20 anos levantar o primeiro troféu dele como profissional.
A despedida de Lucas foi exatamente como a de muitos filhos quando saem de casa: com festa, lágrimas e muita emoção.